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Resumo

Para contato profissional simples (incluindo sugestões e críticas), escreva para diego@mykolab.com. Dicas, informações, suspeitas e, sobretudo, documentos são bem-vindos. E como! Jornalistas como eu vivem disso: de pessoas como você, que têm coragem, escorados no anonimato ou não, de repassar dados e documentos de interesse público. São aqueles fatos que os brasileiros têm o direito de conhecer, mas que estão nas sombras, muitas vezes protegidos por interesses particulares poderosos.

Normalmente, o que define o valor de notícia (o valor jornalístico) do que você tem a dizer envolve duas coisas. Analisarei ambas, como qualquer bom jornalista costuma fazer. Primeiro, o mais importante e óbvio: a dica ou informação precisa ser verdade – ser um fato. Cabe a mim, naturalmente, tentar comprovar que se trata de um fato, se eu julgar que a afirmação é verossímil e deve ser investigada, apurada.

A segunda coisa é a relevância da informação. Requer uma avaliação do interesse público do que você diz, mesmo que sua afirmação ou dica seja verdadeira. O conceito de “interesse público” é suficientemente elástico para que duas pessoas razoáveis possam discordar sobre ele, quando aplicado a determinado fato ou caso. Mas, de modo geral, são de interesse público dicas que envolvam malversação de dinheiro público ou comportamento inadequado de gente poderosa. Seja como for, você terá uma resposta – franca e honesta, seja ela positiva, seja ela negativa – sobre o que me passar como informação ou dica.

Para um contato mais seguro como fonte, a primeira opção é o e-mail diego.escosteguy@protonmail.com. Ela combina simplicidade de uso com um bom grau de segurança. Para que o contato seja minimamente seguro, você precisará criar um e-mail do Protonmail e fazer seu primeiro contato desse novo e-mail. Criar uma conta no Protonmail é de graça e simples. Comece por aqui.

As instruções para isso seguem abaixo, assim como outras opções seguras de contato, a depender do grau de preocupação com seu anonimato – e com as pessoas ou organizações que possam prejudicá-lo caso descubram a existência desse contato e do teor de nossa comunicação.

Levo a sério a garantia de que você, como fonte, será mantido no anonimato, caso assim queira. Desde que nos termos corretos, trata-se de uma promessa inquebrantável.

Manter essa promessa no mundo digital, diante dos riscos de segurança cada vez mais fortes, é um imenso desafio. Não há meio de comunicação 100% seguro – ninguém pode garantir isso, jornalista ou não. Depende de como nós dois nos comunicarmos e da sofisticação técnica de quem, porventura, decida investigar a origem da informação publicada. Mas saiba que tomo todas as precauções possíveis, em termos de inteligência, técnicas e ferramentas, para diminuir os riscos para toda e qualquer fonte.

Entenda a relação entre fonte e jornalista

Se você quiser me passar dicas, informações ou documentos de interesse público, tem direito de se manter anônimo. Você pode ocultar sua identidade até de mim, embora isso não seja recomendável. O mais comum é que eu saiba seu nome, mas não o revele ao público, na hipótese de que sua colaboração resulte numa reportagem. Esse último tipo de anonimato recebe o nome jornalístico de “off-the-record”, ou apenas “off”, como nós, jornalistas, costumamos falar.

Como fonte, ou possível fonte, você tem direito a esse anonimato, desde que não abuse desse direito com comprovada má-fé. Como? Mentindo deliberadamente. Ou usando o jornalista – eu, no caso – para fins de chantagem com as pessoas potencialmente implicadas em situações imorais ou ilegais. Se houver suspeitas fundadas de que uma fonte usou a proteção do “off” com má-fé ou para cometer crimes, a relação será encerrada. O nome da fonte, o teor do que ela disse e as circunstâncias do contato dela comigo serão reveladas ao público. A depender do caso, também serão comunicados às autoridades competentes.

A relação de anonimato entre jornalista e fonte, portanto, funda-se numa espécie de contrato informal, que pressupõe boa-fé entre as partes. Essa boa-fé, por sua vez, envolve compromissos simples. A fonte repassa informações ou documentos ao jornalista com o objetivo de que esses dados, uma vez verificados e analisados à luz do interesse público, sejam publicados.

O anonimato oferece à fonte uma proteção constitucional, de modo a evitar o risco de represálias, por quem quer que seja. O jornalista se compromete a manter o anonimato da fonte, caso ela assim deseje, e em termos específicos combinados entre as partes, em troca dessas informações. Desde que não haja má-fé, a proteção do anonimato permanece mesmo que as informações ou documentos não resultem numa reportagem.

Como entrar em contato com mais segurança

1. Se você não se vê em grande risco e entende pouco de informática, mas ainda assim quer um grau maior de proteção

Crie um e-mail do Protonmail. Para isso, de preferência não use um computador do trabalho ou de outra pessoa. Use uma máquina pessoal, acessada apenas por você. Também não crie o e-mail no celular do trabalho. (O Protonmail tem aplicativos para iPhone e Android.)

Decida se pretende usar seu nome ou não. Se você não está em uma situação de risco, use seu nome. Ele será mantido no anonimato, caso você queira. Mas esse contato com o nome real transmite mais segurança ao jornalista – a mim. Torna a dica, informação ou documento mais confiável. Facilita a criação de uma relação franca. Também facilita o trabalho de checagem do jornalista. A comunicação, enfim, flui melhor.

Não é simples definir uma “situação de risco”. Se você suspeita que possa estar sendo monitorado, ou suspeita que alguém pode conseguir rastrear seus contatos digitais comigo no futuro, tome, no mínimo, as precauções que estão no cenário 2, logo abaixo. Eu posso ajudar você a avaliar sua situação e os seus riscos.

Caso não se sinta confortável em usar o próprio nome, opte por um pseudônimo.

Ao mandar um e-mail de seu endereço novo do Protonmail para o diego.escosteguy@protonmail.com, o serviço criptografa automaticamente – embaralha para terceiros – o conteúdo da mensagem. Não esconde, porém, o fato de que você está se comunicando comigo, na hipótese (muitas vezes improvável) de que alguém tenha acesso à sua conta, ao seu computador ou ao seu celular.

A partir desse primeiro contato, podemos estabelecer outros métodos de comunicação. Exponha a sua situação para que eu possa avaliar o melhor modo de prosseguirmos nos falando. Sua segurança e confidencialidade sempre estarão em primeiro lugar.

2. Se você acha que sofre algum risco, mas entende pouco de informática

Use um computador que não tenha sido comprado por você ou alguém próximo de você. Não use qualquer máquina de trabalho – computador ou celular. Se usar celular, use um cujo chip não esteja em nome de ninguém próximo a você. E que não tenha sido comprado por ninguém próximo a você, como familiares ou colegas de trabalho.

O passo seguinte pode ser um pouco chato: instale um programa de VPN no computador ou celular. Há tutoriais no Google sobre como fazer isso. A VPN – um túnel criptografado de dados – oferece uma camada extra de segurança. Você pode escolher de qual país sua navegação vai aparecer para seu provedor de internet. Pode ser útil caso terceiros monitorem ou resgatem sua atividade na internet. Isso escamoteia a origem da sua comunicação, o que pode ser importante, a depender do cenário. Como seu risco não é alto, você pode usar seus dados para se inscrever na VPN: os melhores programas são pagos.

Uma vez conectado à VPN numa máquina dissociada de sua identidade, siga os passos anteriores e crie um e-mail no Protonmail. Use um pseudônimo e entre em contato comigo.

3. Se você acha que está em situação de alto risco e entende algo de informática

Quanto mais segura a comunicação, mais trabalhosa ela é – para ambos os lados. Se você tem convicção de que precisa da maior proteção possível, precisará usar um sistema operacional como o Tails. É possível aprender a usar esse sistema, mas dá trabalho, caso você já não domine esse tipo de ferramenta. A privacidade que ela oferece, porém, pode compensar o esforço.

Usando o Tails, você pode me enviar um email criptografado em PGP, no mesmo endereço lá de cima: diego@mykolab.com. Eu só abro no Tails emails criptografados para esse email. Esse procedimento oferece um alto grau de segurança e de proteção dos nossos dados e metadados. É um cuidado que, salvo engano, nenhum outro jornalista toma no Brasil – poucos o fazem no mundo. São medidas necessárias, em casos específicos, para proteger de verdade você e a própria existência da nossa comunicação.

Se você consegue usar o Tails, provavelmente tem a proficiência necessária para mandar um email criptografado. Em todos esses casos, não faltam tutoriais na internet que ensinam a usar essas técnicas e ferramentas.

Minha chave: 32A65B84. A impressão digital dela, para conferência: CD78 A628 FE55 92C6 0008 01AD 2088 BFE5 32A6 5B84.

É importante lembrar que documentos como PDFs serão abertos num ambiente seguro e isolado. Isso evita a infecção por vírus ou outras armas digitais.

Nesses casos de maior risco, o manuseio dos documentos se dá num computador air-gapped, que jamais se conectou à internet.

Conclusão

Seja qual for a sua situação, é perfeitamente possível me repassar – com segurança – dicas, informações ou documentos. Portanto, se você tiver dados secretos que sejam de interesse público, não hesite. Vale a pena.

 

 

 

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